Entre duas paralisações de caminhoneiros, a dependência do transporte rodoviário continua

 

A sensação de filme já visto foi intensa para quem acompanhou os transtornos causados pela mobilização dos caminhoneiros no país. Os motoristas autônomos paralisaram atividades e bloquearam estradas em pelo menos 11 Estados para exigir melhores condições de trabalho.

Por dois motivos, o episódio lembra a greve geral que parou as rodovias 15 anos atrás: as reivindicações continuam basicamente as mesmas – preço menor do diesel e a tarifa do frete mais em conta – e a caminhão-dependência, que o país já tinha em 1999 e segue forte.

Com estradas bloqueadas em diversos Estados, a produção e venda de mercadorias ficou no caminho, causando atraso nas entregas, aumento no preço de alimentos, perda de produtos e prejuízos irreparáveis. O efeito poderia ser um pouco menos perverso se o país ainda não tivesse uma matriz de transportes muito concentrada no modal rodoviário.

Conforme dados do Conselho Nacional de Trânsito, cerca de 61% das cargas circulam no país trafegam sobre rodas. É um número menor do que em 1999 e 2000, quando ocorreram as grandes paralisações de caminhoneiros. Mas ainda é distante do sonho projetado pelo Ministério dos Transportes para o futuro. A ideia, em 1999, era que em 2015, apenas 21% do volume de carga no país fosse levado pelas rodovias.

– É o reflexo da total falta de planejamento estratégico. Ninguém pensa a longo prazo. Isso é o que nos diferencia de Estados Unidos, Europa e Ásia. Por aqui, o pouco que se faz é por meio de emendas parlamentares. Cada deputado preocupado em melhorar a sua própria região e ninguém pensa no todo – critica Paulo Menzel, presidente da Câmara Brasileira de Logística e Infraestrutura.

Fonte: zh.clicrbs.com.br

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